Engenheiro civil usa técnicas de bioconstrução em engenho

Paredes de 40 cm de espessura sem vigas, colunas ou ferragens, preenchidas com terra e uma pequena quantidade de cimento. Esta é a técnica construtiva que o engenheiro civil Murilo Vilela Coelho, nascido em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, adotou para fazer um engenho na Paraíba. De acordo com Murilo, o intuito era construir um empreendimento com inovação e sustentabilidade. “Aproveitamos materiais do próprio local, como a terra e madeiras de reflorestamento, usando conceitos de bioconstrução. A medida que usamos nesta obra era de 10 quilos de terra para 1 de cimento. Para manter uma boa temperatura, fizemos também um telhado ecológico usando papel e plástico. Quando eu estava na faculdade, estudei muitos estilos diferentes de construção”, destacou.

O engenho foi construído por uma técnica conhecida por hiperadobe. Neste método são utilizados sacos raschel que contêm uma malha mais aberta para permitir que a terra e o cimento possam atravessá-los e criar uma aderência e união entre as camadas. Através de uma compactação manual as camadas se estabilizam. A obra tem estrutura arredondada, com teto no formato de uma cúpula que lembra um iglu. Além do engenho, Murilo também construiu uma Bacia de Evapotranspiração (BET) para fazer o tratamento do esgoto do local. A bacia que consiste em uma caixa feita de alvenaria e argamassa com impermeabilizante fica a 10 metros do empreendimento. Ela se tornou uma solução para tratar o esgoto e evitar a contaminação do solo e das águas subterrâneas.

Produção e armazenamento – Atualmente, o Engenho Nobre produz 10 mil litros de cachaças por ano. Para armazená-las, o engenheiro utiliza tonéis de madeira. Devido à técnica do hiperadobe, os tonéis não estão sujeitos a variações bruscas do clima, conforme detalha Murilo. “Por causa da espessura das paredes o conforto térmico interno é muito grande. Nós conseguimos manter muito bem a temperatura interna com uma diferença de quatro graus em relação à parte externa. Temos neste ambiente as melhores condições para o envelhecimento das cachaças e a diminuição de suas perdas através da evaporação”, frisou.

Fonte: http://www.crea-mg.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2654

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